NO TRILHO DO PATRIMÓNIO CULTURAL – ESPAÇOS DO SAGRADO

Fevereiro 26th, 2012

Na continuação do programa “Espaços do Sagrado”, a Al-Baiäz – Associação de Defesa do Património visitou, no dia 21 de Janeiro, o Convento de Nossa Senhora do Carmo, em Figueiró dos Vinhos. O objectivo desta Associação é dar a conhecer o património de vertente religiosa dos concelhos do norte do distrito de Leiria, a fim de o valorizar e realçar as suas mais-valias em termos históricos, arquitectónicos e culturais e contribuir para fomentar a importância da sua riqueza patrimonial, como contributo potencial para o desenvolvimento turístico da região.
Nesta visita ao Convento do Carmo estiveram presentes cerca de três dezenas de pessoas (o numero de inscrições estava limitado a 25 participantes/visitantes).
Recorde-se que o Convento foi fundado em 1598 por D. Pedro de Alcáçova de Vasconcelos, senhor de Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, destinando-se a albergar uma comunidade de Carmelitas Descalços. A sua construção teve inicio em 1601 e prolongou-se até meados dessa centúria. Está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1996.
Nesta visita tive a honra de ser convidado pela Associação «Al-Baiaz» para guiar os visitantes que vieram de vários concelhos do distrito de Leiria. De entre os visitantes estiveram também presentes o Eng.º Miguel Portela e a Dr.ª Margarida Lucas, que convidei para disponibilizarem informações adicionais acerca do monumento.
Comecei por fazer um enquadramento histórico, cultural e patrimonial de Figueiró dos Vinhos na época da fundação do Convento e da importância destas unidades religiosas para a dinâmica cultural e, consequentemente, para o fortalecimento da Igreja Católica, sobretudo num período de forte contracção dos seus valores espirituais.
Já no interior da igreja apresentei uma planta do complexo edificado do Convento, que incluía não só a Igreja (dedicada a Nossa Senhora do Carmo) mas também da parte dedicada à vida quotidiana dos frades que aqui se albergavam (dormitórios, refeitório, cozinha, hospedaria, biblioteca, salas do colégio de artes, sala do capitulo, anexos agrícolas, etc) e que resultou de uma investigação criptográfica que realizei às dependências do conjunto edificado, baseado em vários levantamentos topográficos, em documentação antiga e em obras já publicadas sobre o Convento. Infelizmente grande parte do complexo extra-religioso não está visitável por se encontrar na posse de privados e em avançado estado de degradação.
Expliquei igualmente as várias fases de construção tanto do templo religioso como das suas dependências; da vida e obra dos Carmelitas descalços (em particular, do importante Colégio de Artes); do património edificado; dos magníficos retábulos/altares em talha dourada; das suas esculturas, e do significado que os artistas do Barroco (escultores, imaginários, ensambladores, marceneiros, douradores, pintores, etc) tiveram na catequização da grande massa de fiéis analfabetos e iletrados, ao criarem dentro dos templos um mundo fascinante e místico de matizes douradas, transferindo o aparato, o requinte, refinamento e riqueza, teatralidade, emotividade, fulgor e drama, numa ampla cenografia de intensa animação imagética, de santos fascinantemente humanizados, objectivando transformar estes espaços do sagrado em portas de passagem para o reino dos céus e que o cheiro das velas votivas reforçava no coração dos crentes.

Uma Resposta a “NO TRILHO DO PATRIMÓNIO CULTURAL – ESPAÇOS DO SAGRADO”

  1. Luís Correia diz:

    É certo que o número de visitantes ultrapassou o número de inscrições inicialmente pensado mas em todo o caso não vi qualquer publicidade ao acontecimento. luís c.

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