Bissaya Barreto: o Homem por quem o comboio esperava

Dezembro 27th, 2010

Fernando Baeta Bissaya Barreto Rosa nasceu em Castanheira de Pêra a 29 de Outubro de 1886, e faleceu em Lisboa, no “Hotel Metrópole”, a 16 de Setembro de 1974. Era filho de um farmacêutico, que exerceu as funções de Presidente da Câmara Municipal de Pedrogão Grande. Foi o pai que o iniciou nas primeiras letras, bem como na apetência para as questões políticas. Até aos 13 anos cresceu no seio de uma família burguesa, típica de um país católico, altura em que vai para Coimbra na companhia de uma criada, a fim de frequentar o Colégio de S. Pedro, que frequenta até ao 5º ano, transitando depois para o Liceu José Falcão, onde, aos 16 anos, termina o 7º Ano com a classificação de “Muito Bom”. Após a conclusão dos estudos liceais ingressa na Universidade de Coimbra, onde se matricula em três cursos em simultâneo: Filosofia, Matemática e Medicina. Em Filosofia, para se satisfazer a si próprio; em Matemática porque estava persuadido de que era a engenharia a carreira vocacionada; e em Medicina para satisfazer as tradições e o desejo da família. Em Coimbra foi sempre um estudante exemplar, onde formou uma personalidade de intelecto diversificado, monopolizando os prémios académicos nos cursos que frequentava, a par com a intervenção ideológica e política. Em 1904 milita no campo Republicano, influenciado tanto pelo grupo «Juventude de Livre Pensamento», como pela Maçonaria, através do prolongamento desta, a «Carbonária». Entre 1906 e 1909 está entre os que fundam, respectivamente, o «Centro Republicano Académico» e a «Loja – A Revolta», que percutirá a criação do «Comité Revolucionário da Carbonária de Coimbra», em vésperas do 5 de Outubro de 1910. Em 1907, recusa prestar provas em protesto contra as medidas de João Franco e como interveniente na Greve Académica, mas recupera no ano seguinte as disciplinas referentes a dois anos lectivos, nos três cursos que frequentava, e sem diminuir as altas classificações de sempre. Aliás, em 20 de Novembro de 1908 seria laureado pelas Faculdades de Matemática, Filosofia e Medicina, na Sala Grande dos Actos. Porém, perante o monarca D. Manuel II recusa-se a receber os prémios, declarando «Não conheço o Rei». Em 1911 licencia-se em Medicina na Universidade de Coimbra, com a classificação de 19 valores e assume o lugar de assistente de cirurgia geral. Já anos antes finalizara os outros dois cursos (Matemática e Filosofia). Faz o doutoramento em Medicina em 30 de Julho de 1915; em 1916 é nomeado Professor Extraordinário da Faculdade de Medicina de Coimbra; em 1918 é Professor Ordinário da mesma Faculdade; em 29 de Outubro de 1956 é jubilado como Professor Catedrático da Universidade de Coimbra. Em 1927, o governo militar saído da Revolução de 28 de Maio de 1926 nomeara-o Presidente da Junta Distrital de Coimbra, cargo que exerceu até 1974. Este cargo colocou-o em contacto com a problemática da assistência pública e inspirá-lo-á a forjar um grande projecto de obra social, multidireccionada, como reflexão das preocupações republicanas em relação à educação nacional e à assistência pública, e que terá oportunidade de concretizar durante a vigência do Estado Novo. De realçar que Bissaya Barreto cultivou ao longo da sua vida uma longa e estreita amizade com outro Professor de Coimbra, António de Oliveira Salazar, amizade tecida desde os primeiros tempos universitários.

Entre 1930 e finais da década de 60, Bissaya Barreto pertenceu a uma vasta lista de Comissões e de Direcções, encarregadas de obras relacionadas com as questões socais, que incluíam a construção de hospitais (com atendimento gratuito), infantários e inúmeras campanhas de saúde, norteado por dar prioridade à resolução dos problemas sociais e assistenciais do país. Politicamente e sob a égide do Estado Novo, fez parte da Comissão Central da União Nacional e foi Procurador à Câmara Corporativa. Todavia, sozinho ou com o apoio institucional e da cúpula do poder consegue, em Coimbra (e na Região Centro) levar à prática a legislação e a filosofia do novo Regime, alinhando com os ideólogos do Estado Novo mas sem se submeter totalmente aos seus princípios, procurando, antes de tudo, praticar os seus fundamentos ideológico-sociais.

Quem o conheceu refere-se a ele como um homem de olhar sereno, voz pausada e gestos suaves. Um homem que encontrava o seu próprio equilíbrio no excesso e no ritmo “frenético” de trabalho que necessitava de manter, como condição necessária para combinar as suas muitas faculdades. Bissaya Barreto era ao mesmo tempo Professor, Cirurgião, Clínico, Planificador e Construtor.

O seu dia começava às 7.30h, quando saía de casa. Antes disso, já tinha reunido com os mestres das (muitas) obras que trazia em construção. Das 8.00h às 10.00h dava aulas de Técnica Cirúrgica na Universidade, começando depois a operar até às 13.00h, hora a que começava a ver os doentes que teria de operar no dia seguinte. Em seguida ia para o consultório, entre as 14.00h e as 15.00h, para receber clientes. Não almoçava, comia torradas e uma chávena de chá entre duas visitas, continuando a atender doentes no consultório até às 21.00h. Saía a essa hora e voltava ao hospital para ver os doentes operados de manhã. Recolhia a casa por volta das 22.00h, onde jantava (aqui sim, a sua grande refeição do dia), após o que dedicava tempo para as suas investigações, a administração das obras e a correspondência (montes de cartas que se acumulavam nas mesas, nas cadeiras, nas estantes, tanto em casa, como no consultório e no gabinete do hospital). E tempo para dormir? “Sabe, tenho um sono magnífico, totalmente reparador de 4 horas por noite”. Quando era chamado de noite de urgência, às vezes para percorrer distâncias com algumas centenas de quilómetros, dormia normalmente na viagem dentro do carro, entre solavancos e ruídos de fundo. Durante o dia e no caso de se sentir cansado, possuía um pequeno compartimento, contíguo ao seu consultório, onde se recolhia durante alguns instantes. Instalava-se numa vasta poltrona onde, passados alguns segundos (na verdadeira acepção da palavra), começava a dormir instantânea e profundamente durante 5 ou 6 minutos. Passado esse tempo reaparecia no consultório, risonho e fresco, totalmente refeito, como se tivesse dormido 2 horas. Possuía uma saúde e uma robustez invejável, ombros largos e firmeza no andar, apesar da frugalidade da sua vida quotidiana. Possuía também uma invulgar e extraordinária memória, que exercia com genial agilidade. Para além da sua energia física, parecia também animado por uma prodigiosa energia moral. Conta Pierre Goemaere, escritor Belga, que o conheceu muito de perto, e que editou um livro em 1942 dedicado a Bissaya Barreto (integrado na colecção os «Grandes Contemporâneos»), que nunca o viu fumar, nem beber, mesmo às refeições, senão chá.

Deslocava-se a Lisboa quase todos os fins de semana para almoçar com Salazar (ficando hospedado no Hotel Metrópole) apanhando o «rápido» (comboio) em Coimbra. Quando Bissaya Barreto se atrasava a chegar à estação, o comboio esperava por ele, e não seguia para Lisboa, sem que o distinto Médico estivesse a bordo. 

É certo que era amigo pessoal dos governantes do Estado Novo e, em especial, de Salazar, e que isso lhe facilitava o aval de quem tinha o poder decisório na capital, desbloqueando verbas financeiras consideradas bem nutridas para a época e que foram canalizadas para Coimbra e para a Região Centro. Mas temos de reconhecer, que a totalidade desses recursos foi exclusivamente utilizada para o bem público.

Bissaya Barreto foi sobretudo um homem de grande dimensão ética e humana, pautado entre o cidadão politico fruto da sua época mas, acima de tudo, pelas concepções sociológicas e pedagógicas que sempre defendeu e com as quais construiu a base da sua biografia. A sua obra reflecte, sobretudo, os traços pessoais de um homem preocupado com os elos mais fracos da sociedade.

Eis, numa breve resenha, aquilo que constitui o legado da sua Obra Social:

 

24 «Casas da Criança»; 4 Maternidades; o «Portugal dos Pequenitos»; 3 Colónias de Férias; 2 Bairros Sociais; 1 Preventório (Penacova); 2 Hospitais psiquiátricos; 1 colónia agrícola psiquiátrica; 1 Leprosaria; 1 Creche/Preventório para filhos de leprosos; 1 Centro de Reabilitação para ex-leprosos; 3 Sanatórios; 1 Instituto Materno-Infantil; 1 Casa-Mãe (Figueira da Foz); 1 Centro Hospitalar (de Coimbra); 1 Hospital Geral Central; 1 Hospital Pediátrico; 9 Dispensários (Central de Coimbra, Arganil, Cantanhede, Lousã, Montemor-o-Velho, Penacova, Góis, Penela e Poiares); Obras de Higiene e Profilaxia Social (com dois Dispensários de Profilaxia de Doenças Venéreas de Coimbra); Brigadas Móveis; Postos Rurais; 1 Instituto de Surdos (Centro de Recuperação em Bencanta); 1 Instituto de Cegos (Centro do Loreto); 1 Centro de Neurocirurgia; Escola de Enfermagem Bissaya Barreto; Escola Normal Social; Escola de Enfermeiras Puericultoras; Escola Profissional de Agricultura, Artes e ofícios (Semide); Aeródromo de Coimbra (Cernache-Coimbra); Estaleiros Navais (Figueira da Foz); o Bairro Económico do Loreto; 1 Fundação com o seu nome.

 [Fontes: AAVV, “Conhecer Bissaya Barreto”, in Revista do Jornal Campeão das Províncias, 08 de Maio de 2008; Barreto, Kalidás, Monografia da Castanheira de Pêra, CMCP, 2004; Castilho, Jorge, “Professor Bissaya Barreto: Um grande Homem, um Homem do Futuro”, in suplemento do Jornal Centro, Novembro de 2008; Goemaere, Pierre, Os Grandes Contemporâneos – Bissaya Barreto, Edição «Casa das Beiras», 1942; Silva, TóZé, O Portugal dos Pequenitos ou a Representação do País no Estado Novo: Um olhar actual sobre um património dos anos 40, 2009 (trabalho de investigação de mestrado); Jornal «O Norte do Distrito», nº 96, Dezembro de 1956 (in Site da Biblioteca Municipal – «Imprensa Nacional»); Site da Biblioteca Municipal – «Figueiró em Imagens».]

11 Respostas a “Bissaya Barreto: o Homem por quem o comboio esperava”

  1. Rui Silva diz:

    O Dr. Bissaya tinha de facto um currículo impressionante! Poucas figuras existiram em Portugal, de igual calibre e saber. Um homem que fazia esperar um comboio só poderia ser alguém extraordinário.
    Excelente artigo, TóZé!

  2. Maria Manuela Tomas diz:

    Gostei de ler. é bom que personagens destes sejam lembrados. Por vezes a seguir a revoluções/movimentos políticos, as pessoas são “coladas” aos regimes anteriores e a sua imagem denegrida, Mas a sua dimensão humana e a sua inteligência não devia ser esquecida.

  3. Manuel Rodrigues diz:

    ” Todavia, sozinho ou com o apoio institucional e da cúpula do poder consegue, em Coimbra (e na Região Centro) levar à prática a legislação e a filosofia do novo Regime, alinhando com os ideólogos do Estado Novo mas sem se submeter totalmente aos seus princípios, procurando, antes de tudo, praticar os seus fundamentos ideológico-sociais. ”
    Que obra grandiosa que deixou e toda ela criada no Estado Novo (nem tudo foi mau no tempo de Salazar).
    O impressionante disto é saber por onde se esfumou este tipo de gente, é que não encontro sucessores deste calibre em nenhum político de hoje.

  4. Parabéns pelo excelente trabalho, Tó Zé.

    É sem alguma dúvida um trabalho de pesquisa formidável.
    Faço votos de que trabalhos deste género preencham ainda mais os nossos momentos de leitura.
    Se me permites, vou colocá-lo no meu Blog.
    Aquele Abraço amigo

  5. Manuel Santos Troca diz:

    Pelo apelido do autor o anterior comentário é muito suspeito! Estou a brincar! Excelente artigo acerca de uma pessoa que é uma referência para a cidade de Coimbra mas da qual pouco sabia. Um abraço. Manel

  6. José Augusto PereiraTeixeira diz:

    Umas das personalidades Portuguêsas do século XX considerada verdadeiramente impar. Tanto havia a dizer ! ! Um exemplo de bondade e dedicação ao trabalho, a seguir nesta hora tão crucial para o nosso PORTUGAL .

    José Teixeira

  7. Cláudio Quintaneiro diz:

    Sem dúvida um homem extraordinário. Um médico de referência. Uma personalidade magnética. Ainda assim não podemos esquecer, com a dor de quem sente uma paixão pela ciência, que foi o mesmo que escondeu o seu progresso para se manter único.

    Não há pessoas perfeitas, e verdade se diga que não nos deixou pouco. Acima de tudo deixou-nos o rasto da energia que devemos ter no nosso quotidiano, demonstrou com uma pujança difícil de igualar que em Portugal “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Falta-nos sonhar.

    Abraço ao autor.

  8. Ana Zuzarte diz:

    Obrigada Tó Zé!

    Mais uma vez impressionada com as coisas que me ensinas…
    Exelente retrato de uma histórias de vida e dedicação a uma causa, que directa ou indirectamente se cruza com a nossa. Com uns mais do que outros… Eu por exemplo, nasci precisamente na Maternidade Bissaya Barreto e muito pouco sabia a respeito desta personalidade. Fica aqui registada a minha admiração por esse grande homem que com tão poucas horas de sono desenvolveu um Império no nosso país. Será apropriado hoje dizer que, “dos fracos não reza a história”.

    Beijinhos da prima Ana Zuzarte

  9. Graciela diz:

    Espetacular! Sempre admirei este Homem da Ciência e do Saber, mas pouco sabia da sua biografia, apesar de ter conhecido as irmãs. Faço parte do grupo das primeiras crianças que nos anos 50 frequentou a Casa da Criança de Figueiró dos Vinhos. Instituição de referência, numa época do país muito difícil.
    O nosso Portugal, necessita de homens arrojados e laboriosos como este. Onde estão?!… E quem deste país tem a competência para que o Comboio o espere? Parece-me que nos dias anda muita gente à frente do dito Comboio…. PRABÉNS Tó ZÉ. Continue a ser igual a si próprio e a dar-nos informação e formação que nos encha a alma e a memória de saberes da nossa região.

  10. manuel novais granada diz:

    Sou agora me dou conta do excelente trabalho sobre o Dr. Bissaya Barreto, que me leva a evocar um modesto episódio passado na Figueira da Foz, em 1956. Escrevia eu semanalmente para o extinto “Notícias da Figueira”, dirigido pelo saudoso amigo Vasco Baptista. A Figueira em peso ia prestar homenagem ao ilustre médico e filantropo de Coimbra, que ao hospital da cidade se deslocava todas as semanas para operar em simultâneo; veja-se bem, lembro-me de chegar a fazer 14 apendictomias seguidas, a maioria a pessoas de fracos recursos e, se bem me lembro, sem cobrar um tostão! Os dois outros jornais de então, “A Voz da Figueira” e o “Figueirense”, sem esquecer um semanário da Igreja dirigido por Monsenhor Santos Palrinhas (natural de Penela), preparavam-se para engalanar as suas melhores páginas em louvor da acção e personalidade de Bissaya Barreto, pelo que o Vasco Baptista, que não queria ficar atrás, me pede uma ideia sobre como homenagear o famoso médico e professor. Pensámos numa edição melhorada, para não dizer especial, dedicada ao curriculum académico, clínico e benemérito do Prof. Bissaya, coisas que os outros jornais também iriam, por certo, teclar. Mas faltava uma ideia original! Como tinha uns 21 anos, idade em que tudo são rosas e sonhos, tive uma ideia que me pareceu surpreendente e capaz de arrasar a “concorrência”: escrever uma reportagem em que um cirurgião aparecia a operar uma menina creio que de dez anos, salvando-a da morte por peritonite! Tudo passado numa atmosfera irreal que os leitores ligariam logo à figura do Dr. Bissaya… O pior era como criar o ambiente asséptico de um bloco operatório, esses silêncios de concentração, os instrumentos cirúrgicos, etc., sobre que se movem, em íntima parceria e cumplicidade, o Cirurgião e o Anestesista?! Valeu-me o Dr. Abílio Bastos, director da Casa da Mãe, da Figueira da Foz, que me deu uma lição sumária dos actos e dos gestos dos dois médicos em acção e dos nomes dos instrunmentos… Não me recordo se o “Notícias da Figueira” saíu un dia antes da homengem pública ao Dr. Bissaya, o que sei é que a edição correu bem e a reportagem da operação agradou ao homenageado… Tanto que no almoço em sua honra, realizado no antigo Casino Peninsular, estando presentes centenas de figueirenses, depois de actuar o luzido grupo folclórico “As Cantarinhas de Buarcos”, esi que alguém vem chamar-me da parte de Bissaya Barreto, que susto! Recebeu-me com um forte aperto de mão, dizendo-me que gostara da reportagem, com palavras de que evoco “simples”, “original”, “enternecedora” e “tecnicamente bem feita”. Deu-me um cartão de visita, com o seu telefone e residência em Coimbra, suponho que era na Rua da Sofia… “Telefone com antecedência, meta-se no combóio e vai almoçar comigo”, quase ordenou. “Você é de ciências?”, perguntou ainda. Disse-lhe que era de letras. “Veremos isso, ainda está a tempo de chegar a cirurgião..” Claro, nunca mais o visitei: eu queria apenas ser jornalista, como fui, até aos 70 anos!…
    M, Novais Granada.

  11. antonio candeias diz:

    Graças a este homem e á sua fundação como eu milhares de crianças tivemos uma cama e comida e educação obrigado Dr. Bissaya Barreto e á sua Fundação o meu muito obrigado, ainda conheci este grande homem

  12. Júlio Pedro Alves Fernandes diz:

    Uma coisa que posso afiançar por ter estado com ele, como menbro do CDE que veio a ser MDP/CDE estive com Byssaia mais José Manuel Tengarrinha, Natalia Correia e outros no Hotel Metropele logo após do 25 de Abril 1974, e Setembro, antes da sua morte.
    O que acho estranho é não falarem dos 5 meses que ele viveu amarguradamente cheio de medo. Eu quando conheci encontrava-se bem, e faleceu de tristeza e melancolia e medo. Assim como não falarem das mulheres que ele teve, e sabe-se lá quantos filhos.

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